Em plena Sexta-Feira Santa, dia 2 de abril de 2021, comemorou-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen.
Em Portugal, e como vem sendo habitual, para assinalar este dia, a DGLAB disponibiliza um cartaz, este ano da autoria do ilustrador Bernardo P. Carvalho, vencedor do Prémio Nacional de Ilustração em 2020.
Já internacionalmente, o IBBY internacional convida anualmente um país a dar o mote e a escrever um texto alusivo à literatura para a infância. Este ano da responsabilidade dos Estados Unidos, o texto é da autoria da escritora cubano-americana Margarita Engle.
A música das palavras
Quando lemos, crescem-nos asas na mente
Quando escrevemos, cantam os dedos.
Palavras são batuques e flautas na página
altos trinados, elefantes bramindo,
rios que correm, águas caindo,
pirueta de borboleta
longe no céu!
As palavras convidam à dança – ritmos, rimas, batidas
das asas, do coração, dos cascos no chão, contos velhos e recentes,
fantasias e verdades.
Quer estejas quentinho em casa
ou a atravessar o mundo para uma terra diferente
e uma língua estranha, as histórias e poemas
pertencem-te.
Quando partilhamos palavras, a nossa voz
torna-se a música do futuro,
alegria, amizade e paz,
a melodia
da esperança.
(Texto de: Margarita Engle. Com tradução para Português por: Ana Castro)
Sobre o cartaz
A ideia do cartaz deste ano é um dos versos do poema, «Quando lemos, crescem-nos asas na mente». É que cada livro que uma criança espreita com emoção desperta nela sensações únicas e traz-lhe «a melodia da esperança»
Bernardo P. Carvalho é um ilustrador que em 1999 criou, com Madalena Matoso e Isabel Minhós Martins, a Planeta Tangerina.
Reconhecido e premiado em todo o mundo, Bernardo é autor de livros publicados em mais de 25 países.
Recebeu já inúmeras distinções, como o BolognaRagazzi Awards (Non-fiction, 2019 / Opera Prima, 2015); Gustav Heinemann Peace Prize (Germany, 2017); Menção Honrosa no “Best Book Design From All Over the World” da Leipzig Foundation; “Melhor álbum ilustrado” no Deutscher Jungendliteraturpreis (2017), “Melhor Livro Editado” no CJ Picture Book Festival da Coreia; Prémio Nacional de Ilustração 2009 e 2020; “Melhor Livro” Banco del Libro (Venezuela); Nomeação para a Lista de Honra do IBBY; Candidato ao Prémio ALMA – Astrid Lindgren Memorial Award em 2019 e 2020.
Hans Christian Andersen nasceu a 2 de Abril de 1805 e faleceu a 4 de Agosto de 1875
A importância deste dia encontra-se na vida e obra de H. C. Andersen. A data escolhida para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil é a data em que nasceu esta proeminente figura de vários atributos, deixando-os como legado à humanidade.
Sobre esta personalidade ainda hoje incidem alguns estudos que permitem concluir que se trata da “primeira voz autenticamente romântica a contar histórias para as crianças”, cujos temas expressavam os padrões de comportamento vividos naquela época, do qual o autor procurava que a sociedade que emergia adotasse a ideia de que todos os homens deveriam ter direitos iguais.
Elevar à leitura infantil confrontos entre “poderosos” e “desprotegidos”, “fortes” e “fracos”, “exploradores” e “explorados”, são de facto valores que se forem incutidos na formação infantil, poderão traduzir-se num mundo mais equitativo.
O seu pai foi Hans Andersen, um sapateiro que viveu apenas 33 anos, e sua mãe era uma lavadeira, de nome Anne Marie Andersdatter. Ficou sem pai aos 11 e ficou sem mãe ao 28 anos, tendo apenas uma meia-irmã que faleceu em 1846, originando que a sua infância fosse marcada pela pobreza.
Com a morte do pai aos 11 anos abandonou a escola e foi trabalhar como aprendiz de tecelão e mais tarde para um alfaiate. O seu pai teve um importante papel na sua formação, pois apesar de não saber ler nem escreveu, memorizou peças de Shakespeare e As Mil e Uma Noites, e de brinquedos rudimentares fazia espetáculos de marionetas para o filho, incutindo-lhe o gosto pelas artes. Assim, aos 14 anos conseguiu ingressar no Teatro Real da Dinamarca antes de se dedicar à escrita.
Apesar da sua vasta obra, chegando aos 168 contos, confessou que tinha aversão aos estudos, contudo ingressou a Universidade de Copenhaga em 1828. Um ano mais tarde, os colegas afirmavam que dada a sua excentricidade, nada de bom resultaria dos seus estudos, no entanto, alcançou reconhecimento internacional em 1835, quando lançou o romance “O Improvisador”, fruto das suas viagens pela Europa, nomeadamente a Roma.
A sua obra não se pautou apenas pelos contos infantis, escreveu vários romances para adultos, livros de poesia, relatos de viagens e peças de teatro, na época que esteve no Teatro Real em que também foi ator e bailarino.
H. C. Andersen foi também um dos maiores viajantes da sua época, tendo deixado um enorme legado de relatos. Portugal não foi excepção nas suas viagens e esteve por terras lusas entre 6 de Maio e 14 de Agosto de 1866.
Dessa viagem deixou uma obra intitulada: “Uma Visita em Portugal em 1866”, constituindo o volume 27 das Obras Completas publicadas em 1868.
[Edição: Aníbal Seraphim]
[Fonte: Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas]