ROTA Da cabra e do lobo

S. Pedro do Sul

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Pontos de interesse:

Enquadramento local:

Há caminhos que nos ficam na memória e a Rota da Cabra e do Lobo é um deles. Uma viagem que se transforma numa genuína imersão num mundo tão inimaginável quanto surpreendente. Tudo aqui se expressa de forma inesperada, com a brutalidade e a subtileza dos lugares míticos do imaginário greco-romano.

As rochas, tal como os nossos ancestrais humanos, parecem buscar a verticalidade; os estratos altamente transfigurados ou dobrados quase nos permitem compreender a dimensão das forças tectónicas; a natureza, tanto se apresenta selvagem e antiga, como magnificamente moldada pelas populações que aqui se mantêm, num isolamento tão profundo quanto os vales onde se instalaram; as aves de rapina vigiam os céus, lá no alto; os pássaros, chilreiam desenfreadamente; o gado bovino pasta livremente e a restante fauna continua alerta aos passos humanos. No caminho ao longo da ribeira da Pena houve até uma cabra que matou um lobo!

Descrição do percurso:

Embora o percurso tenha início na pitoresca aldeia da Pena, a estrada que lhe dá acesso pode já ser considerada parte desta viagem, levando-nos às profundezas da terra, onde então encontramos esta aldeia erguida em xisto e guardada por maciças encostas. Rumo a noroeste, o caminho sobe a Serra de São Macário, primeiro em área florestada e mais acima num mundo pedregoso, onde recomendamos especial atenção às vertentes íngremes. Até à aldeia de Covas do Monte as paisagens são maiores que o mundo, sobretudo nas vertentes norte e este e, ainda no alto, somos impressionados pela geometria dos terrenos de cultivo desta aldeia que iremos atravessar. Segue-se nova subida hercúlea, sempre imerso na vastidão montanhosa, até ao longe já se avistar a aldeia de Covas do Rio, à qual chegamos depois de alguns ziguezagues pela área florestal que a envolve. Agora em direção a sul, o ex-libris do percurso, o caminho onde o morto matou o vivo. Sobre xisto, caminhamos com a riba da Pena ao fundo e um conjunto florístíco autóctone de rara riqueza. Sucedem-se pequenas cascatas e lagoas, o caminho transforma- -se numa escadaria e eis que surge a Livraria da Pena, mesmo antes do retorno quase milagroso à aldeia da Pena.

Algumas fotos do percurso:

Observações e notas extra:

Num lugar que parece saído de um mundo perdido e muito antigo não se consegue ficar indiferente à verticalidade que estes estratos quartzíticos, com cerca de 480 milhões de anos, assumiram no decorrer do tempo. Uma livraria rodeada de árvores raras, como o ulmeiro-da-montanha (Ulmus glabra), vários endemismos, quedas de água e registos fósseis de vidas passadas, nomeadamente icnofósseis de trilobites, isto é, marcas deixadas pela atividade destes seres vivos.

Normas de conduta:

Praticar caminhadas, em especial por trilhos na natureza, dá-nos algumas responsabilidades e cuidados especiais que devemos ter em conta!

  • Em percursos longos, planifique-o. Reúna previamente a informação disponível e necessária e certifique-se que termina a caminhada antes do anoitecer.
  • Não faça fogo.
  • Seja cortês com os habitantes locais e respeite os seus costumes e tradições.
  • Respeite a propriedade privada (feche portões e cancelas).
  • Não perturbe o gado e não danifique as culturas agrícolas.
  • Respeite a natureza, não recolha e/ou perturbe animais e plantas ou danifique formações geológicas.
  • Se encontrar um animal selvagem ferido ou debilitado, procure reencaminha-lo para um centro de recuperação de fauna selvagem.
  • Não deixe lixo ou vestígios da sua passagem.
  • Leve sempre água, mantimentos, protetor solar, roupa e calçado adequados e estojo básico de primeiros socorros.
  • Em algumas situações terá que transpor estradas asfaltadas, faça-o com atenção.
  • Circule pelos trilhos sinalizados e respeite a sinalização existente.