PROFESSOR

Hildebrando Pinho de Oliveira (1925 – 1995)

Hildebrando Pinho de Oliveira nasceu em Mourel, freguesia de Carvalhais, no ano de 1925. Frequentou o primeiro curso da recém-criada Escola do Magistério Primário de Viseu que, no primeiro ano, funcionou provisoriamente no Colégio da Via Sacra.

Concluído o curso, o Prof. Hildebrando iniciou a sua carreira docente em terras do seu Concelho. O seu perfil de professor desde logo se impôs. Mas estava destinado a novos rumos. O Dr. Pinho Leónidas, primeiro Diretor da Escola do Magistério de Viseu, foi chamado a Lisboa para uma tarefa de vulto, que lhe mereceu o título de Pai da Telescola, pelo qual ainda hoje é conhecido. Chamou a colaborar consigo alguns dos seus melhores alunos. Entre eles o Prof. Hildebrando, que foi nomeado inspetor e colaborou ativamente na montagem da nova modalidade de ensino. Posteriormente prestou serviço na Inspeção do Ensino Particular.

Paralelamente, desenvolveu importante atividade na vida pública do nosso Concelho. Vice-Presidente da Câmara, no dobrar dos anos 50, logo revelou qualidades que haveriam de credenciá-lo para o cargo de Presidente da Câmara Municipal de São Pedro do Sul que assumiu em 1963 e desempenhou durante mais de uma década, durante a qual desenvolveu acão preponderante nas mais diversas realizações para o progresso de Concelho. Obstáculos não lhe faltaram. Em 1967, um pavoroso incêndio devorou o edifício dos Paços do Concelho, onde também funcionavam outros serviços — Tribunal, Finanças e outras Repartições. Além da destruição material, ali se perdeu também uma vida humana, o jovem Manuel Farreca, que abnegadamente ajudava no combate ao incêndio.

Extintas as chamas, logo o Presidente da Câmara, homem de ação e ânimo forte, lançou a palavra de ordem — RESSURGIR — que estampou na imprensa e na proclamação ao Conselho. Iniciou as obras de reconstrução, arranjou soluções para o funcionamento dos serviços e, em quatro anos, os Paços do Conselho estavam recuperados e a Domus Municipalis com ótimas e funcionais instalações. Ao mesmo tempo, pugnou pela construção de um edifício de raiz para os serviços de Justiça.

Tudo o que dizia respeito à educação e ao ensino lhe mereceu especial atenção. Como inspetor, foi o difusor da Telescola na Região. Como Presidente da Câmara, teve ação preponderante na criação da Escola Preparatória, em 1971, e Escola Secundária, em 1972.

O 25 de Abril encontrou-o quando estava à beira de completar 12 anos de Presidência da Câmara e, por força da lei vigente, a terminar o seu último mandato. A sua inteligência e visão da História logo lhe fizeram compreender a importância do acontecimento e a irreversibilidade da mudança. Sem renegar o seu passado político (e não havia razões para o fazer), soube terminar e manter-se com dignidade. Por isso, pela sua obra e pela forma liberal como exerceu os seus mandatos, teve sempre o respeito de toda a gente dos vários quadrantes políticos.

Retomou a sua atividade profissional de inspetor e continuou a sua intervenção cívica nos mais variados sectores da vida sampedrense, nomeadamente em instituições de solidariedade social. Presidente da Assembleia Geral da Misericórdia, onde já antes havia tido ação relevante na organização dos Cortejos de Oferendas a favor do Hospital; Associações de Bombeiros; Adega Cooperativa de Lafões; Caixa de Crédito Agrícola Mútuo e outras instituições. Por último e na sua vocação de Pedagogo, teve papel relevante na criação da Escola Profissional de Carvalhais, de que foi Diretor Pedagógico.

Jornalista de qualidade. Intensificou a sua atividade jornalística e assumiu o cargo de Diretor Adjunto do jornal, dando-lhe um segundo fôlego. A Tribuna está repleta de escritos seus: reportagens, artigos de fundo e de opinião, relatos e notícias sobre o que de mais importante acontecia no Concelho e na Região de Lafões. Dominando muito bem a arte da escrita, lia-se com interesse e agrado, pela correção da forma, pela argúcia e pertinência da análise e, algumas vezes até, pela fina ironia do comentário crítico.