À janela, eu vejo passar
Gente da terra e de outros lugares
Cada um transporta um pedaço de mim
Sem promessas de sortes ou de azares
Pelas ruas, caminham sem medo,
Desconhecendo a nudez de cada pedra
Chegam com vontade de ficar
Partem com o sonho de voltar
Fico à espera de um abraço
Carrego uma vida de desilusão
Sem colo morro de cansaço
Mas fico-me neste que é o meu chão
Ouço a voz da esperança a chamar
Escorro lágrimas com dor
Talvez a saudade de nós dois
No campo, nos amando, com ardor
Fui pastora, no monte, feliz
Carrego as memórias de uma vida
Guardo-as todas no meu coração
Sinto a presença da plenitude perdida